Dr. Pedro Barbas: Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial

O mal que acomete cada vez mais pessoas e muitas vezes é confundido com enxaqueca, dores de ouvido e até mesmo de dente.

Tudo começa assim, você acorda com uma dor no ouvido e decide marcar uma consulta com o otorrinolaringologista. Depois dos exames o médico diz que não há nada de errado com seu ouvido e que você pode na verdade estar com DTM.

Mas afinal, o que é DTM?

DTM é a sigla para “Disfunção Temporomandibular”, esse nome grande e complicado refere-se às alterações que podem ocorrer tanto na articulação que conecta a mandíbula ao crânio quanto nos músculos dos nossos dos rostos responsáveis pelos movimentos da mastigação.

Quando temos algum problema nessa articulação, como inflamações, é muito comum sentirmos dores na região do ouvido, afinal a região está muito próxima ao canal auditivo e por isso muitas vezes achamos que estamos com algum problema nele. Porém as DTM não acometem somente essa articulação, mas também todos os músculos que usamos para abrir e fechar a boca.

Quando suspeitar que está com DTM?

Quando há alguma coisa de errado com esse sistema de músculos e articulações o principal sintoma é a dor. Dor essa que piora conforme abrimos e fechamos a boca ou mastigamos algum alimento. De maneira geral, essas dores tendem a aliviar quando estamos em repouso.

É importante identificar se a origem da dor é na articulação propriamente dita ou em algum dos músculos envolvidos.

Alterações na articulação são muitas vezes confundidas com dores de ouvido e apresentam sintomas típicos como sensação de ouvido latejando ou pulsando, dor ao abrir e fechar a boca, dor ao movimentar o queixo para os lados e dor ao mastigar.

As alterações musculares, que são a maioria, também podem gerar dor ou incômodo ao abrir e fechar a boca, mas diferente das alterações articulares, são geralmente confundidas com dores de dente e até mesmo a dores de cabeça e enxaqueca.

O que causa DTM?

Tentar forçar a abertura da boca além do máximo que você consegue não é uma boa ideia. Ficar com a boca aberta por muito tempo também não. Inclusive muitos pacientes que precisaram passar pelo procedimento de intubação durante a pandemia de COVID alegaram sentir algum problema na região após o período de hospitalização.

Hábitos como movimentos repetitivos de mastigação ao logo do dia por muitos dias também colaboram com o surgimento dos sintomas.

Também há fatores psicológicos envolvidos: o stress e a ansiedade são alguns dos principais fatores responsáveis pelas noites mal dormidas, que por sua vez estão relacionadas com o déficit na manutenção e recuperação do nosso corpo após um dia exaustivo de trabalho.

Resumidamente, o que mais pode nos causar algum tipo de DTM são os hábitos parafuncionais e traumas físicos. Entretanto, fatores como doenças, genética e níveis aumentados de estrogênio (principalmente em mulheres que fazem uso de medicamentos repositores) também são fatores que podem desencadear alguma alteração.

Como tratar?

Como a DTM pode ocorrer por diversas causas, seu tratamento acaba quase sempre sendo composto por uma equipe multidisciplinar compostas por médicos, fisioterapeutas e dentistas.

Há os tratamentos mais simples e pouco invasivos que vão desde a utilização de medicamentos, mudanças de hábitos e confecção de placas oclusais para serem usadas durante o sono (comumente chamadas de Placas de Bruxismo ou erroneamente chamadas de Placa Miorrelaxante) até os tratamentos um pouco mais invasivos, como a lavagem da articulação com soro fisiológico e posterior lubrificação com ácido hialurônico ou cirurgias.

Postado em _Destaque, Colunistas